Foto: Divulgação
Estudo da Firjan SESI mostra que um em cada cinco pacientes de AVC internados no Rio de Janeiro morre no hospital e o custo com perda de produtividade supera R$ 855 milhões.
Rio, 29 de outubro de 2025
O Rio de Janeiro lidera um triste ranking na Região Sudeste: é o estado com a maior taxa de letalidade hospitalar por Acidente Vascular Cerebral (AVC). Entre 2017 e 2023, 20,54% dos pacientes internados com a doença morreram nos hospitais fluminenses, o que equivale a uma morte a cada cinco internações. O índice é o mais alto da região e supera com folga o de São Paulo (16,30%), Minas Gerais (13,48%) e Espírito Santo (12,86%). O levantamento é da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), elaborado pelo Centro de Inovação SESI em Saúde Ocupacional (CIS- SO).
“A alta taxa de letalidade hospitalar no Rio de Janeiro mostra que ainda enfrentamos grandes desafios na resposta ao AVC. O tempo entre o início dos sintomas e o atendimento especializado é determinante para a sobrevivência e a recuperação do paciente. Isso reforça a necessidade de ampliar o acesso a unidades preparadas e fortalecer as redes de atenção, especialmente nas emergências”, explica Leon Nascimento, coordenador do CIS- SO e responsável pela pesquisa.
No período analisado, o estado registrou 127.346 internações por AVC, uma taxa de 113,31 internações a cada 100 mil habitantes. Ao todo, 42.622 pessoas morreram em decorrência da doença, sendo 26.162 dentro de unidades hospitalares. O dado reforça o desafio da rede fluminense em garantir resposta rápida e tratamento adequado a uma das principais causas de morte e incapacidade no país.
A taxa de óbitos por 100 mil habitantes no Rio (37,92) também é a mais alta entre os estados do Sudeste, cuja média regional é de 34,87. Especialistas apontam que o número reflete desigualdades no acesso a serviços de urgência e reabilitação. A alta letalidade é um indicativo de que o sistema de atenção ao AVC precisa ser fortalecido tanto na agilidade do diagnóstico quanto na estrutura de atendimento.
Mas o impacto da doença vai além das estatísticas de mortalidade. O AVC está entre as principais causas de anos de vida perdidos e de afastamentos do trabalho, o que gera prejuízos econômicos expressivos. No Rio, foram 13,1 milhões de dias de trabalho perdidos entre 2017 e 2023. O custo estimado dessa perda de produtividade salarial (PPS) é de R$ 855,4 milhões, colocando o estado em terceiro lugar na região, atrás de São Paulo (R$ 2,97 bilhões) e Minas Gerais (R$ 1,21 bilhão).
“O AVC não é apenas um problema de saúde, mas também de produtividade e desenvolvimento. Quando um trabalhador é afastado ou perde capacidade funcional, há um custo humano e econômico elevado. O dado de mais de 13 milhões de dias de trabalho perdidos no Rio mostra como a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais não só para salvar vidas, mas também para preservar o potencial produtivo do estado.”
A dimensão previdenciária do problema também é significativa. Apenas em dezembro de 2023, o Rio de Janeiro contabilizava 8.470 beneficiários de auxílios previdenciários concedidos a pessoas acometidas por AVC. Nesse mesmo mês, o gasto mensal com esses benefícios chegou a R$ 20,6 milhões, de acordo com dados públicos da Previdência.
O cenário regional mostra que, embora o Sudeste concentre mais da metade das perdas de produtividade salarial do país (52%) e 713 mil internações por AVC, o Rio se destaca negativamente pelos piores indicadores de desfecho clínico.
Mais do que uma emergência médica, o AVC se consolida como um problema de saúde pública e econômica. No caso fluminense, os números revelam que o alto custo humano — traduzido na letalidade hospitalar — está diretamente ligado à perda de produtividade e à sobrecarga social. A tragédia silenciosa do AVC no Rio de Janeiro reforça a urgência de investir em prevenção, diagnóstico precoce e redes de cuidado integradas para evitar que uma doença tratável continue tirando tantas vidas e comprometa o desenvolvimento do estado.
Fonte: Cristiane Armond
