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Ex-juiz federal, ex-governador: Witzel narra sua transição de carreiras e fala sobre suas aspirações políticas

Em uma entrevista leve e reflexiva no programa “Politicando”, da TV O Gonçalense, o ex-juiz federal e ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, revisitou sua origem, a carreira na magistratura e as perspectivas de retorno à política. Witzel iniciou seu relato falando da sua infância simples em Jundiaí (SP), sua carreira na Marinha no Rio de Janeiro e sua decisão de estudar direito. 

— Passei um período importante da minha vida no corpo de fuzeleiros da Marinha e decidi cursar direito, e aí tomei a decisão de ser juiz federal. O salário do meu emprego na época não era um bom salário, e eu precisava comprar livros para estudar pra magistratura, me lembro que eu pedia livros de presente de aniversário, e meus parentes me davam os livros. Fiz um concurso pra promotor de justiça em Minas Gerais e para defensor público no Rio de Janeiro, por já ter família na cidade decidi pelo cargo no Rio. Eu me lembro que o governador da época era o Marcelo Alencar e ele não queria dar posse para os defensores públicos. Nisso eu comecei a frequentar um partido político e eu tinha acesso ao governador e falei pra ele que ele deveria dar posse aos defensores públicos porque a população precisava, já que os defensores advogam para os pobres. — disse Witzel. 

Witzel conta que se tornou um militante pela defensoria pública e durante o governo Garotinho, com muita luta, a classe conseguiu a indepêndencia parcial da defensoria pública que só foi consolidada em seu governo. O ex-governador contou que sua experiência como defensor o levou a ter contato direto com o direito penal, tribunais de júri e o sistema penitenciário, e que foi ali que ele teve uma capacidade de entender problemas sociais muito graves. Ele contou que se dedicou afinco para a prova de juiz federal, um dos concursos mais difíceis e disputados do país, passou e tomou posse como juiz  e exerceu por 18 anos o cargo tendo se especializado em direito penal, tornou-se professor de direito penal.

— Minha esposa foi minha aluna de processo penal, mas nenhum relacionamento enquanto ela foi minha aluna, só fui reencontra-la quando ela estava estagiando na justiça federal, e a partir dali começamos a ter o nosso relacionamento e com 6 meses eu a pedi em casamento, e hoje nós temos 3 filhos, o Vicenzo, a Beatriz e a Bárbara. Estamos comemorando esse ano, 20 anos de casamento, a Helena é minha companheira, minha amiga e minha sócia no escritório de advocacia, sempre me ajudando e me apoiando, inclusive na decisão de largar a magistratura após 18 anos para concorrer na política — contou Witzel

O ex-governador conta que sempre foi movido por ideais, na militância passou por diversos momentos importantes do estado e do país, e se cansou de ver na política pessoas sem compromisso com o futuro do estado, cansado de ver a escalada da violência no país e todas as mazelas do estado, tomou a importante decisão de deixar a magistratura para se candidatar a governador. 

— Tomei a decisão de disputar o cargo de governador, e tive que pedir exoneração do meu cargo de juiz, conversei com minha esposa, ela chorou bastante, preocupada, mas eu falei, pra mim não vai faltar oportunidade, sou advogado, sou professor, faço outro concurso, e ela dizia “eu casei com juiz, não casei com político” e eu lembro de uma frase que eu falei, não me deixe morrer sem fazer lutar pelo estado do Rio de Janeiro. — disse emocionadamente Witzel. 

Witzel conta que chegou para eleição sem alianças e com compromisso somente com a verdade e com o eleitor, assim que foi eleito começou a implementar uma política que os políticos do Rio não estavam preparados, como a independência total da Polícia Militar, onde os comandos dos batalhões foram decididos por critérios técnicos. Segundo o ex-governador com isso a PM teve mais autonomia para combater a mancha criminal e atuando nos locais de mais necessidades, e a polícia civil fazer seu trabalho de investigação. 

— Hoje, voltou como era antes, essa falta de divisão de trabalho, muitas vezes a PM faz o trabalho de investigação, que não é pra fazer pois não tem estrutura pra isso, a PM tem que fazer o policiamento de rua, e a polícia civil tem que investigar. Eu criei na polícia civil um departamento de combate a lavagem de dinheiro, e comecei a instruir e estruturar os delegados contra a lavagem de dinheiro, surge um rumor que esse departamento tava sendo criado para investigar deputados. Ora se tem deputado estadual metido com isso eu não tenho nada com isso, meu compromisso é com a redução do crime organizado, se tem deputado lavando dinheiro do tráfico ou da milícia isso não é um problema meu — afirmou Witzel. 

Ele conta que a partir desse rumor começou um movimento para tirá-lo do cargo de governador. Em 2019 o governo agiu duramente contra a milícia e o tráfico de drogas e isso começou a desagradar muita gente no estado do Rio de janeiro.  Ele conta que atingiu firmemente a farra das licitações, acabou com a vistoria do Detran que seria um grande fonte de corrupção, trabalhando de uma forma mais educativa do que arrecadativa, o que causou um desconforto muito grande em certa ala da política, que é uma ala que causou o endividamente do estado que hoje se tornou impagável. Witzel também falou sobre investimentos no estado que elevariam o PIB do Rio de Janeiro.

— O estado tem potencial agrícola enorme, mas tem que haver investimento estratégico para desenvolver o estado. Só a área pra produção de soja temos uma área gigantesca para isso, mas se não houver investimento do estado ninguém vai querer investir. Hoje o Rio de Janeiro tem condições de ter dois estaleiros para manutenção de navios da Petrobrás, mas tem que ser estatal, porque a Petrobrás só vai contratar se for estatal. Só um estaleiro aqui geraria 5 mil empregos nessa área de Niterói e São Gonçalo. — disse Witzel 

O ex-governador se mostrou preocupado com a situação de abandono que o estado do Rio de Janeiro se encontra, tanto na questão econômica, social quanto na area de segurança. Witzel ainda diz que quer recuperar o potencial de crescimento do estado seguindo essas três linhas em que a economia, a segurança pública e o social em consonância. Ele diz que não quer encerrar sua vida sem deixar um contribuição signficativa para o estado do Rio de Janeiro. 

— A política precisa mudar, a gente não pode continuar com essas pessoas que querem continuar o que sempre fizeram, endividando o estado e transformando a vida das pessoas em dificuldade no dia a dia, então eu tomei a decisão de escolher um partido, conversei muito com a diretoria desse partido, e fiquei feliz por saber que eles me aceitaram como pré-candidato a governador do estado do Rio de Janeiro. O PSDB foi um grande mudança de concepção no Brasil, criou as agências reguladoras, que são de extrema importância para o Brasil no sentido da concessão de grande obras, e elas foram criadas pelo PSDB. Desde o ultimo governo do PSDB no estado, o Rio de Janeiro se afundou em dívidas e piorou a a segurança pública. Hoje sou pré-candidato, a maldade que fizeram comigo, a perseguição que fizeram comigo em 2020 foi apenas para me tirar, calaram 5 milhões de vozes, meus eleitores que até hoje não entenderam bem o que aconteceu, nós fizemos mudanças que muitos políticos não queriam, tinhamos parâmetros bem definidos, colocamos os salários dos servidores em dia, veja nos meus 2 anos de governo não tive um dia de greve dos servidores e nunca tive uma discussão com nenhuma categoria que não fosse produtiva. — disse Witzel. 

Wilson Witzel encerra dizendo se sentir preparado para se colocar à disposição do povo do estado do Rio de Janeiro, com sua vontade de servir e afirma que temos condições melhores que 2019, pois tem um grupo mais amadurecido e experiente para exercer a função de governador. 

Confira a entrevista completa no nosso canal do youtube:

 

 

Por Yuri Griem

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