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Avanço das doenças oculares expõe desafios de prevenção e abre espaço para novas tecnologias
Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que 19% da população brasileira convive com algum tipo de deficiência visual. Além disso, cerca de seis milhões de pessoas têm problemas graves de visão, o que reforça um cenário preocupante para a saúde ocular no país.
Com o envelhecimento da população, a incidência dessas condições tende a crescer, exigindo maior atenção à prevenção e ao diagnóstico precoce. Ao mesmo tempo, novas técnicas e tecnologias vêm surgindo para oferecer tratamentos mais eficientes e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
As doenças oculares que mais afetam os brasileiros
Especialistas apontam que, além do aumento da população idosa, o uso prolongado de telas e a falta de consultas preventivas elevam o risco de problemas de visão em diferentes faixas etárias.
Nesse contexto, algumas doenças se destacam pela alta incidência e pelo impacto direto no cotidiano. Muitas evoluem de forma silenciosa, o que reforça a necessidade de acompanhamento clínico contínuo.
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Catarata: ocorre quando o cristalino perde transparência, causando visão embaçada e sensibilidade à luz. É mais comum após os 60 anos e pode levar à perda visual progressiva se não tratada.
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Presbiopia: dificuldade de enxergar de perto devido ao envelhecimento natural do cristalino. Geralmente surge após os 40 anos e exige correção com óculos ou lentes específicas.
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Glaucoma: aumento da pressão intraocular que danifica o nervo óptico e pode causar perda visual irreversível. Como evolui sem sintomas iniciais, o diagnóstico precoce é fundamental.
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Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI): afeta a região central da retina e compromete atividades como leitura e reconhecimento de rostos. É mais comum em idosos e pode avançar rapidamente.
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Retinopatia diabética: consequência do diabetes descontrolado, danifica os vasos sanguíneos da retina e prejudica a visão. Sem acompanhamento adequado, pode provocar hemorragias e perda visual significativa.
As projeções para os próximos anos indicam que esses casos tendem a aumentar. Para especialistas, ampliar a prevenção e facilitar o acesso às consultas será decisivo para conter esse avanço.
Avanços tecnológicos ampliam possibilidades de tratamento
Apesar das preocupações, a oftalmologia moderna vive um momento de expansão tecnológica. As Lentes Intraoculares Trifocais, por exemplo, corrigem catarata e presbiopia em um único procedimento, o que proporciona maior independência.
Essas lentes vêm ganhando espaço pela precisão óptica e pela recuperação rápida, oferecendo visão de perto, intermediária e à distância. Nesse cenário, o Dr. Ricardo Filippo, da COI Oftalmologia, ressalta o impacto dessa evolução.
“A lente intraocular trifocal representa um salto de qualidade de vida muito maior do que apenas ‘melhorar a visão’. Ela oferece a verdadeira liberdade visual. O paciente enxerga bem de perto, intermediário e longe, eliminando a dependência dos óculos. O maior impacto é humano, mudando o estilo de vida, pois permite que o paciente volte a trabalhar, socializar e viver o cotidiano com autonomia. É a devolução da liberdade de enxergar sem depender de acessórios, o que, para muitos, é um rejuvenescimento visual e emocional”, destaca o oftalmologista.
Além das soluções intraoculares, novas técnicas a laser ampliam as opções para quem tem presbiopia. Entre elas, o Presbyond remodela a córnea de forma personalizada, permitindo amplitude focal sem necessidade de implantes.
Essas abordagens aumentam as possibilidades terapêuticas e permitem escolhas mais alinhadas ao estilo de vida de cada paciente. Além disso, atendem à busca por procedimentos que reduzam a dependência de óculos e lentes de contato.
Para o Dr. Ricardo Filippo, o ritmo das inovações deve se intensificar nos próximos anos, acompanhando as mudanças no perfil dos pacientes e a evolução das tecnologias aplicadas à saúde ocular.
“Nos próximos anos, vamos ver uma transformação real na prevenção e tratamento com IA detectando problemas mais cedo, implantes e drogas que diminuam o fardo de tratamento, e terapias gênicas/optogenéticas oferecendo opções curativas para doenças que antes eram irreversíveis. O impacto prático será maior acesso, tratamentos mais personalizados e, potencialmente, recuperação real de visão em grupos que hoje têm poucas alternativas”, finaliza Ricardo.
Fonte: Francielle Mesquita

