Rede municipal de Saúde adota procedimentos no PSI e no Luiz Palmier
O Pronto Socorro Infantil Darcy Vargas(PSI) e o Hospital Luiz Palmier (HLP), ambos no Zé Garoto, passaram a realizar cirurgias de amígdala e adenóide, antes nunca realizadas na cidade. Em setembro e outubro deste ano, aconteceram dois mutirões para os gonçalenses com mais de 14 anos para acelerar a fila de espera da Central de Regulação da Secretaria de Saúde de São Gonçalo. Há três semanas, começaram as cirurgias pediátricas (até 13 anos), totalizando 28 operações por mês.
Antes da implantação nas duas unidades, o serviço de otorrinolaringologia só era oferecido – ambulatorialmente, ou seja, só consulta – no Posto de Atendimento Médico (PAM) Alcântara. Agora, o serviço está completo, com consultas de avaliação, exames de videoendoscopia e videolaringoscopia e cirurgias. Responsável pelas operações nas duas unidades, o médico otorrinolaringologista Nelson Solano Martinez acredita que a tendência é a evolução do serviço.
“São Gonçalo nunca teve esse tipo de cirurgia, não tinha nenhuma infraestrutura, nenhum serviço de otorrino. Só consulta. Agora, estamos fazendo não só a parte cirúrgica, mas tudo que antecede a cirurgia, inclusive a parte diagnóstica com os exames necessários. Com isso, além do diagnóstico para as cirurgias de amígdala e adenóides, também estamos diagnosticando outras doenças e fazendo os encaminhamentos necessários. Isso vai diminuir as internações por otite, infecções respiratórias e pneumonia, por exemplo. Mais um ganho para a cidade”, descreveu o médico.
Os pacientes de São Gonçalo que necessitavam de exames e cirurgias eram encaminhados para os hospitais federais dos Servidores, da Lagoa e de Ipanema – todos no Rio e que atendem as demandas de todo Estado, acumulando longas filas. Nelson Solano atendeu paciente que estava na fila aguardando cirurgia há oito anos. “Tivemos que repetir os exames para realizar a cirurgia. Já conseguimos acabar com os pedidos de exames mais antigos. Os que estamos fazendo hoje são aqueles que foram pedidos há, no máximo, dois meses”, esclareceu o médico.
A diretora geral do PSI, Luciana Coelho, e a diretora médica Bianca Serour, contaram que tiveram que preparar a unidade de saúde para iniciar as novas cirurgias a pedido do prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson, e do secretário municipal de Saúde e Defesa Civil, Dr. Gleison Rocha.
“Temos vários casos de internações recorrentes por problemas respiratórios que fazíamos o tratamento paliativo por não ter o recurso da cirurgia. Quando o Dr. Gleison falou da implantação desse tipo de cirurgia, foi uma tarefa muito prazerosa para gente criar esse serviço. Tivemos que começar tudo do zero. Elaboramos o projeto, mostramos o que precisávamos para começar e eles nos atenderam em tudo, incluindo os materiais de alta qualidade”, descreveu Bianca.
Os resultados já estão vindo. A primeira cirurgia pediátrica realizada na unidade foi, segundo os médicos, emocionante. “Os pais da primeira cirurgia choraram de emoção. Até a criança chorou. O pai agradeceu ao Dr. Nelson e disse que era a primeira vez que ele estava vendo o filho dormir a noite inteira. É muito gratificante receber os elogios de uma família inteira. Para a gente, é isso que é importante, é o que fica”, finalizou Luciana.
Indicações – As amígdalas fazem parte de um anel na garganta que é uma barreira física e imunológica. Essa estrutura é formada por amígdalas de dois tipos: linguais e de faringe, conhecida como adenóide. A remoção delas é indicada em alguns casos como em pessoas que têm quadros de amigdalite de repetição (dor de garganta), hipertrofia das amígdalas com apneia obstrutiva (aumento das amígdalas e das adenóides, que pode levar ao fechamento das vias aéreas, dificultando a respiração, causando roncos noturnos e, até mesmo, apneias do sono – paciente para de respirar uma ou mais vezes ao longo de uma única noite de sono) e amigdalite crônica caseosa (inflamação provocada pelo acúmulo de alimentos que causa uma sensação frequente de irritação ou desconforto na garganta, além de mau hálito persistente).
“A obstrução pode acontecer por uma bactéria, alergia ou por causa genética. Com o aumento do tamanho das amígdalas, constituindo uma barreira, a criança não come. Só bebe líquido, comida pastosa. Não é porque não gosta. É porque tem dificuldade de engolir, engole com dor e evita os alimentos mais consistentes. Ela também passa a dormir mal, respirando pela boca, roncando, o que desencadeia vários outros problemas. Tem um monte de crianças com diagnóstico neurológico que não têm problemas neurológicos. É simplesmente uma adenóide. O cérebro da criança é diferente do adulto. Quando a gente não dorme, a gente fica cansado. A criança fica agitada, não para, tem déficit de atenção, afeta o rendimento escolar. A obstrução de mais de 80% das vias aéreas causa a falta de oxigênio no cérebro, que trabalha de maneira diferente. Aí, dizem que a criança é hiperativa, autista. A adenóide em crianças acaba com a qualidade de vida”, explicou o Dr. Nelson.