Campanha da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial visa evidenciar a importância de uma boa noite de sono para a saúde
O ronco, muitas vezes visto como uma perturbação noturna comum, pode estar associado a um risco significativamente elevado de acidente vascular cerebral (AVC), conforme revelado por um estudo publicado no The Lancet Regional Health. Durante um período de acompanhamento médio de 10 anos, 19.623 participantes desenvolveram AVC.
De acordo com o coordenador do departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Dr. Alexandre Ordones, a respiração nasal, ou seja, a inspiração do ar pelo nariz, é essencial para a qualidade do sono e uma noite sem rouquidão.
“A obstrução nasal pode levar a fragmentação do sono, reduzindo a capacidade de sono profundo, que é a fase do sono na qual as ondas cerebrais estão mais lentas, “descansando” e com uma inibição por meio dos neurônios do neocórtex (região localizada na parte externa do cérebro) que está relacionada à funções como comandos motores, percepção sensorial, consciência e linguagem”, completa o médico.
A fim de enfatizar a importância da respiração no sono, a ABORL-CCF, celebrará o Dia Mundial do Sono, em 15 de março, com a campanha “respire bem e durma melhor”, como possibilidade de explorar um problema que, muitas vezes, é visto como um simples incômodo. Os especialistas da Associação produzirão conteúdos nas redes sociais com o objetivo de conscientizar a população sobre os problemas de uma noite mal dormida.
A dificuldade de respirar pelo nariz pode levar a fragmentação do sono, reduzindo a quantidade de sono profundo. Segundo o coordenador do departamento do sono, isso pode ocasionar sonolência diurna, fadiga, alterações de memória, dores de cabeça pela manhã, sensação de perda de energia e cansaço crônico.
O ronco pode estar associado à apneia obstrutiva do sono, quando há pausas respiratórias recorrentes durante o sono. Essa doença pode provocar quedas frequentes nos níveis noturnos de oxigênio no sangue e essa condição tem sido associada à inflamação sistêmica, que pode afetar o funcionamento de todo o organismo.
A análise dos dados que foram publicados no estudo, revelou que o ronco estava intimamente ligado ao AVC, com um aumento notável na incidência desse desfecho entre os que sofriam com os roncos noturnos. Dos casos de acidente vascular cerebral registrados, 11.483 foram classificados como isquêmicos, enquanto 5.710 foram identificados como hemorrágicos.
“Os resultados do estudo confirmam que as pessoas que roncavam tinham uma chance 56% maior de ter um AVC. Além disso, quando olhamos mais de perto, vemos diferenças significativas entre os dois tipos de acidente: o risco de AVC hemorrágico aumentou em 50% para aqueles que roncavam, enquanto o risco de AVC isquêmico mais do que dobrou, com um aumento de 102%”, declara Ordones.
Prevenção e tratamento
Para realizar um tratamento de problemas com o sono é preciso avaliar cada caso cuidadosamente, o diagnóstico é feito por um exame chamado polissonografia, que trata-se de um procedimento não invasivo realizado durante o sono do paciente.
“Durante uma noite de sono, dados são coletados para que o médico possa diagnosticar distúrbios do sono, tais como apneia obstrutiva, movimentos periódicos das pernas e comportamentos noturnos, como sonambulismo”, informa o especialista.
Algumas dicas são úteis para melhorar a qualidade de sono:
Sobre a ABORL-CCF
Com 75 anos de atuação entre Federação, Sociedade e Associação, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Médica Brasileira (AMB), promove o desenvolvimento da especialidade através de seus cursos, congressos, projetos de educação médica e intercâmbios científicos, entre outras entidades nacionais e internacionais. Busca também a defesa da especialidade e luta por melhores formas para uma remuneração justa em prol dos mais de 8.600 otorrinolaringologistas em todo o país.
Fonte: Paula Fiore