Objetivo é coibir situações de violência psicológica e assédio no ambiente de trabalho, atuando na informação e mediação de conflitos
A Prefeitura de Niterói realizou, nesta quarta-feira (08), o Treinamento Lilás para mais de 120 servidores com o tema “Diga Não a Violência Laboral”. A apresentação abordou mecanismos de proteção à violência, desigualdade de gênero, estatísticas de violência e apresentou a Comissão de Ética e Integridade Mulher (Ceim), lançada no mês de maio. O Treinamento Lilás já capacitou mais de mil pessoas e o foco principal são os servidores da prefeitura que estão na ponta, lidando diretamente com a população.
Fernanda Sixel, secretária da Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres (Codim) e responsável pelo Programa Treinamento Lilás, explicou o trabalho da Codim no eixo da prevenção e como a disseminação da informação tem auxiliado a expandir a procura pelos serviços.
“Quando a gente fala de política e rede de proteção, a gente fala da sociedade. Todos nós somos corresponsáveis. Precisamos mudar a cultura que faz com que o homem não perceba que está cometendo o assédio. O trabalho também tem essa linha educativa de mostrar quando uma cantada passa do limite e vira assédio, que já é um crime. Perceber até onde a atitude é permissiva e quando ultrapassa os limites é uma mudança de cultura. Esse é um dos trabalhos da Codim, trabalhar dentro da lógica da prevenção. A gente precisa contar em todo o governo com esse novo pensamento para construir não só uma rede de proteção à mulher, mas uma cidade que proteja e respeite as mulheres”, destacou Fernanda.
O Treinamento Lilás já foi realizado com a Guarda Municipal Feminina e está capacitando a Guarda Municipal Masculina para auxiliar no atendimento humanizado às mulheres vítimas de violência. A capacitação também foi levada aos motoristas de ônibus que receberam treinamento para reconhecer e ajudar no combate à importunação sexual nos coletivos, além dos agentes da Defesa Civil e da NitTrans.
O secretário de Administração de Niterói, Luiz Vieira, ressaltou que a conscientização é o foco desse evento de hoje. Com isso, cada pessoa pode se tornar um disseminador, ampliando a política de defesa das mulheres como grande objetivo.
“Precisamos conscientizar que o respeito mútuo no ambiente de trabalho vai propiciar menos conflitos e mais produtividade. A partir do momento em que se entenda que o assédio, sexual ou moral, é causado pela forma que se fala com o outro, com brincadeiras que podem levar a interpretações errôneas, principalmente com a mulher que é a principal vítima, conseguimos evitar. Precisamos mostrar isso e esclarecer ao homem, principal autor da conduta, informando sobre o que diz a lei, como a Ceim e a Comissão de Administração vão proceder e evitar um processo administrativo disciplinar, minimizando os problemas no ambiente de trabalho”, detalhou o secretário.
A Comissão de Ética e Integridade Mulher (Ceim) tem como objetivo reforçar a importância do combate à violência no ambiente de trabalho. A Comissão está a cargo da Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres (Codim), da Secretaria Municipal de Administração (SMA), da Controladoria Geral do Município (CGM) e da Rede Mediar (parte integrante do Pacto Niterói Contra a Violência), que age na busca pela solução de conflitos por meio do diálogo e da mediação com facilitadores capacitados.
Joana Raphael, gerente da Rede Mediar, explica que na mediação as partes escolhem como fazer e reforça que o treinamento não é uma punição, é um lugar de reflexão, onde o exercício é de se colocar no lugar do outro.
“Políticas públicas são sempre pensadas para quem está na ponta, mas quando trazemos o olhar para cuidar das mulheres que cuidam do cidadão, é perfeito. A Ceim chega para que a servidora tenha um espaço de acolhimento e possa expor o que ela está sofrendo dentro do setor, o que traz uma segurança. Vamos trabalhar com a celeridade, pois nosso foco é a prevenção. Não queremos que aqueles que cometem o assédio, seja homem ou mulher, sejam punidos. Nem sempre há intenção de assédio e nem a percepção do mesmo. Queremos dar espaço ao diálogo através da mediação. Queremos ouvir e procurar que as partes se entendam. Vamos trabalhar na conciliação e, quando necessário, arbitrar. As denúncias não vão constranger, não tenham vergonha de denunciar. Nosso objetivo é fazer da prefeitura um espaço ainda melhor para se trabalhar”, disse Joana.
O assédio traz sérios danos à saúde de quem o sofre e também àqueles que convivem com ele, como os colegas de trabalho, os familiares e os amigos, podendo desencadear várias enfermidades como: depressão, insônia, diminuição da capacidade de concentração e memorização, irritabilidade constante, baixa autoestima, aumento de peso ou emagrecimento exagerado, aumento da pressão arterial, inflamação no estômago, palpitações, tremores e síndrome de burnout.