Curso ensina técnicas de preparo e aproveitamento total dos alimentos para ajudar na geração de renda
Uma boa alimentação faz a diferença na vida das pessoas e se ela unir pratos saudáveis e sem desperdício fica ainda melhor. Com essa pegada, a Prefeitura de Niterói convidou a Chef Maristella Sodré para criar um curso que ensine técnicas de preparo e aproveitamento total dos alimentos com o objetivo de dar oportunidade de emprego e geração de renda. O curso foi promovido pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária, que estuda a abertura de novas turmas para 2023.
O secretário de Assistência Social e Economia Solidária, Elton Teixeira, ressaltou a necessidade de se criar oportunidades para a população ter sua própria renda. O curso foi realizado através do Banco Arariboia, com o apoio da Administração Regional do Centro, do Restaurante Cidadão Jorge Amado e da Arquidiocese de Niterói.
“Esse curso é mais uma das tantas ações que o Banco Arariboia promove e vai promover para desenvolver economicamente a cidade. O objetivo é, sobretudo, a geração de trabalho e renda de quem mais precisa, sempre articulado com demais agentes do governo e da sociedade civil”, destacou Elton Teixeira.
A chef Maristella Sodré, responsável pelo curso, é apresentadora do programa #comidaquetransforma no Nhac GNT e professora da Gastromotiva (organização social que oferece formação profissional para chefs de cozinha). A chef é especializada em gastronomia social, um conceito de gastronomia inclusiva, com o desafio de transformar a vida das pessoas em vulnerabilidade social, combatendo a fome, a pobreza, a desnutrição e a falta de oportunidade. Segundo Maristella, o curso foi criado com o objetivo de ensinar o aproveitamento integral dos alimentos, sem desperdício, além de usar a criatividade para fazer os próprios produtos para venda.
“O curso foi idealizado para criar novas empreendedoras sociais para trabalhar com gastronomia e confeitaria sustentável. A ideia é não desperdiçar nada. Eu crio e ensino técnicas de aproveitamento integral dos alimentos em vez de dar receitas prontas, porque a finalidade é que as pessoas possam reproduzir usando os produtos do dia a dia, valorizando e utilizando, como um todo, os alimentos que vêm da terra, aproveitando melhor os nutrientes e colocando mais comida na mesa”, destacou a chef.
O curso teve duração de três meses e foi realizado no Morro da Penha, na Ponta d’Areia. A intenção é estabelecer uma fonte de renda alternativa e incentivar, na comunidade, uma nova forma de lidar com a alimentação utilizando cascas, sementes e talos. Além disso, a turma recebeu aulas de técnica da compostagem para incentivar os alunos a plantarem parte dos alimentos que possam ingerir ou comercializar.
Marcia Fernandes, de 47 anos, é moradora da comunidade e já trabalha com comida há mais de 10 anos. Ela, que já foi dona de bar, vende quentinhas que prepara em casa.
“Me inscrevi para o curso porque é uma área completamente diferente. Aprendi muito e me dei conta de como desperdiçava alimentos e muita coisa ia para o lixo. Hoje aproveito muito mais com o uso das folhas e talos, por exemplo. Estou aplicando as novas técnicas que o curso me ensinou no meu trabalho, além de incluir outros pratos que aprendi no meu cardápio. A aceitação dos clientes tem sido muito boa e abri um leque para novos com opções de comida que eu não tinha. Minhas vendas mudaram porque agora tenho dois tipos de cardápio. Já vejo frutos do curso na minha vida”.
Moradora do Morro da Penha, Índira Smis, de 37 anos, é bisneta de um dos construtores da igreja. Ela contou que o curso vai abrir uma oportunidade de renda extra para ela.
“Sou professora de pilates, graduada em educação física. Essa oportunidade surgiu, me inscrevi para o curso e fui sorteada. Sempre gostei dessa parte de cozinha e o fato de ser sustentável, de aproveitar, parar para analisar o que podemos utilizar, o que a gente jogaria fora, é maravilhoso. Pretendo associar o que aprendi nas aulas ao que já faço. Nas aulas de pilates, posso vender geleias e biscoitos para melhorar a renda. É importante a gente repassar também o conhecimento de não desperdiçar nada”, disse.