IA-em-2025.1

Foto/Divulgação: IA-em-2025.1

O lançamento do ChatGPT em 2022 foi o pontapé para uma série de mudanças que vieram no esteio da IA Generativa (IAGen), oportunizando as mais diversas novidades tecnológicas no mundo todo. Naturalmente, há muitas especulações sobre o que ainda deve ocorrer nos próximos anos em se tratando do tema, mas, em 2025, o que se pode esperar em termos de tendência de IA?

Segundo o especialista na área, Paulo Henrique de Souza Bermejo, que tem pós-doutorado em Inovação na Bentley University, em Massachusetts/EUA, e Certificação Executiva em Estratégia e Inovação, através do MiT, algumas questões nesse sentido já estão sendo discutidas, tanto no mercado quanto no campo das pesquisas.

Ele destacou que em relação à 2025, pode-se esperar, por exemplo, uma IA Generativa mais capaz e personalizada. De acordo com ele, os grandes criadores de modelos de linguagem em grande escala (o chamados LLMs, do inglês “large language models”), que são uma espécie de núcleo para as IAs generativas, continuam em plena evolução. “Investimentos estão sendo feitos para que esses modelos se tornem mais robustos e especializados, capazes de gerar conteúdos ainda mais precisos e criativos, além de atuar em contextos altamente específicos. Além disso, novos recursos estão sendo incrementados para permitir que usuários, incluindo não programadores, possam criar seus próprios agentes de IA, treinando-os com seus dados pessoais. Esse tipo de funcionalidade, iniciada com o ChatGPT, deve se expandir para outras plataformas e LLMs, incluindo os desenvolvidos por Anthropic, Meta e Google”, assinalou.

Quando o tópico é saúde, Paulo afirmou que especialmente os diagnósticos poderão ser mais precisos. “Investimentos em dispositivos e sistemas têm ampliado a capacidade e precisão de exames médicos baseados em IA, contribuindo diretamente para melhorar os serviços de saúde, em especial naquelas regiões menos favorecidas. Isso abrange desde diagnósticos médicos até a interpretação de exames e recomendações de tratamento”, pontuou. Noutra perspectiva, ferramentas baseadas em IA deverão prever doenças antes que se manifestem, utilizando dados de dispositivos wearables (as denominadas tecnologias vestíveis, como relógios inteligentes e outros sensores) e históricos médicos integrados.

Outro ponto levantado pelo especialista diz respeito a uma maior integração de assistentes pessoais avançados, com a vida cotidiana. “IA’s serão integradas em dispositivos como óculos de realidade aumentada, carros autônomos e eletrodomésticos inteligentes, otimizando tarefas do dia a dia. Isso já está se tornando realidade em alguns contextos, por meio de agentes de IA”, explicou Bermejo.

E, quando o assunto é educação, ela se mostrará mais personalizada e atraente. “Plataformas educacionais devem expandir seus recursos e personalizar trajetórias de aprendizado com base no perfil cognitivo e nos interesses dos alunos. Por exemplo, estudantes com maior aptidão em matemática terão mais facilidade em capacitações ligadas às ciências exatas, enquanto aqueles interessados em artes poderão se destacar em cursos voltados à criatividade”, enfatizou. Em geral, conforme o especialista, as ferramentas serão cada vez mais acessíveis. “Empresas menores e indivíduos terão acesso a IAs poderosas por meio de plataformas de baixo custo, impulsionadas por LLMs open source (ou seja, de código aberto, disponibilizadas gratuitamente), como o LLaMA (Meta AI), Falcon (TII) e Mistral (Mistral AI). Acompanhando tal contexto, cursos e plataformas on-line vão ampliar o ensino de IA, democratizando habilidades essenciais para o futuro”, elencou.

Já no que se refere ao mercado de trabalho, Paulo apontou que a IA poderá automatizar muitas funções administrativas, jurídicas e financeiras, exigindo maior adaptação das forças de trabalho. “Não se trata de substituir profissionais por IA, mas de substituir aqueles que não utilizam IA, pelos que fazem bom uso dela. Se a IA ainda não está ajudando você em algo no seu trabalho, pare e reflita: muito provavelmente há algo em que ela pode fazer uma diferença significativa. Surgirão novas demandas por profissionais que saibam integrar, gerenciar e regulamentar a IA. Por exemplo, até recentemente, era difícil imaginar anúncios de vagas para engenheiros de prompt. Em 2025, essa demanda deverá crescer, junto com o surgimento de novas funções”, endossou.

Para Paulo, em 2025, não se trata apenas de especular o que virá, mas de nos prepararmos para um mundo onde a IA será cada vez mais presente e indispensável. “A verdadeira questão não é ‘se’ a IA será integrada, mas ‘como’ e ‘por quem’. E acredito que seria bom nos perguntarmos se estamos prontos para aproveitar o potencial transformador dessa tecnologia”, ressaltou.

IA Responsável: Regulação, Ética e Sustentabilidade

Conforme o pesquisador, em 2015, a regulamentação de IA será mais presente, inclusive no Brasil. “Regulamentações adequadas proporcionarão maior transparência, segurança e uso ético da tecnologia. Noutra vertente da questão, iniciativas de IA responsável têm concentrado esforços para minimizar discriminações algorítmicas. Isso envolve práticas para resolver distorções geradas por dados de treinamento, além de melhorar a diversidade dos dados”, disse.

Paulo também informou que referente à sustentabilidade, a IA será usada para otimizar cadeias de suprimentos, reduzir desperdícios e melhorar a eficiência energética, sobretudo com a popularização de agentes de IA em sistemas corporativos. “Além disso, ferramentas preditivas ajudarão a monitorar mudanças climáticas e planejar ações de mitigação”, revelou.

Na área de entretenimento, de acordo com ele, a IA poderá gerar roteiros, músicas, artes visuais e até filmes completos. Isso deverá ser intensificado com o surgimento de startups que oferecem serviços, inclusive gratuitos, para criar esses tipos de conteúdo. “Outro ponto se relaciona a jogos e simulações interativas, que serão realizados em tempo real com base nas escolhas dos usuários. Embora o hype do metaverso tenha diminuído, essas tecnologias continuam a evoluir, especialmente no setor de games”, detalhou.

Paulo destacou, ainda, que a IA será essencial para gerenciar casas, cidades e até infraestrutura de forma autônoma. Hoje, como dito por ele, é inconcebível pensar em dispositivos inteligentes sem IA generativa, então o que se espera é uma maior conexão entre IA e os Dispositivos Inteligentes Interconectados (IoT).

Avanços e preocupações

“A Inteligência Artificial Geral (Artificial General Intelligence – AGI) se diferencia da IA, incluindo a IA generativa, por não se limitar a um domínio específico. Ela é uma forma de inteligência que pode se adaptar a novas situações, resolver problemas complexos e aprender continuamente. Enquanto os LLMs como o ChatGPT demonstram habilidades impressionantes, eles ainda são limitados a tarefas específicas baseadas nos treinamentos recebidos e não possuem a capacidade de entender contextos amplos ou transferir conhecimentos entre diferentes áreas de forma genuína. Sam Altman, CEO da OpenAI, relatou recentemente que os desafios para a IA Geral são de ordem de engenharia, isto é, bastante trabalho, não necessitando basicamente de novos avanços científicos. Ele completou que sua empresa está no estágio 2 de 5, e chegou a relatar que isto pode ser vencido ainda em 2025”, explicou Paulo.

De acordo com o pesquisador, apesar de inúmeros ganhos a serem proporcionados às pessoas, empresas e à sociedade de um modo geral, a partir de facilidades que esta tecnologia pode gerar, há muita discussão sobre os perigos envolvidos nisso, principalmente acerca do aspecto ético, de controle e de segurança. “Como garantir que a AGI permaneça alinhada aos interesses humanos? Quem controlará essa tecnologia? Se isto não for bem tratado, ela poderá ampliar ainda mais o fosso entre nações e classes sociais, e sistemas que venham a utilizar poderão até mesmo causar impactos catastróficos se for feito um mal uso. Seja com a IA geral ou com até mesmo a IA generativa, considero que sistemas semiautônomos, aqueles onde a decisão final necessariamente passa por um ser humano, acabam sendo a opção mais segura até que estes dilemas sejam definitivamente tratados”, finalizou.  

Fonte: Ascom Sinerji 

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