Foto/Divulgação: Sandra Barros – Seeduc-RJ
Seeduc e Instituto Anjos promovem evento que debate formas de combate e prevenção ao abuso sexual
Todos os anos 500 mil crianças e adolescentes são exploradas sexualmente no Brasil. O país ocupa o 2° lugar no ranking mundial dessa violência. Foi pensando em mudar essa triste realidade, que a Secretaria de Estado de Educação (Seedu-RJ) vem levando para alunos, professores e gestores das escolas estaduais do Rio de Janeiro, o programa Nota Zero para o Abuso. Esta semana, o encontro de conscientização contra o abuso sexual de crianças e adolescentes aconteceu no Instituto de Educação Sarah Kubitscheck. O evento reuniu alunos e educadores no Teatro Arthur Azevedo, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio. A iniciativa discute formas de combate e prevenção da pedofilia e da exploração sexual infantil.
– Não devemos deixar que roubem as faces da infância, que deve ser vivida com ternura, para que possamos crescer conscientes dos valores de ética, moral e acolhimento. A nossa voz reverbera. A gente acredita na educação pública, que trabalha para formar pessoas com projetos de vida maravilhosos. A escola é um cenário de formação, de transformação social e de garantia de vida, onde podemos mudar o destino de milhares de jovens, tornando-os cidadãos prósperos – disse a secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto.
Historicamente, crianças e adolescentes vêm sendo violentadas e exploradas sexualmente por abusadores e pedófilos. Muitas das vezes, a falta de conhecimento acaba sendo a raiz do problema.
– Muitas crianças sofrem abuso e guardam para si mesmos, sofrendo sozinhas. Devemos conhecer a nós mesmos e exigir respeito – destacou Daniel da Costa, de 18 anos, aluno da 3ª série do Ensino Médio.
Alguns dados alarmantes chamam a atenção em todo este contexto: o país possui cerca de 50 mil crianças roubadas anualmente, com destinos dos mais perversos e cruéis. A cada 1 hora, quatro meninas são abusadas, sendo elas as preferidas em 82% dos casos contra 18% de meninos.
– Nós estamos trabalhando para a melhor instrução de nossos alunos. Estamos hoje aqui e também estamos fazendo um trabalho especial, com o EducAutismo, para que possamos continuar formando excelentes profissionais – afirmou Deyse Duque Estrada, diretora-geral da escola da Zona Oeste.
Ações por todo o estado
Maura de Oliveira, idealizadora do Instituto Anjos, encabeça essa ação que visa informar e educar, oferecendo às crianças, aos adolescentes e professores conhecimento sobre o tema, habilitando a autodefesa, a autoestima e o empoderamento como garantia dos direitos e prevenção às novas vítimas. Ao longo desta parceria com a Seeduc, ela vem percorrendo as escolas da rede estadual para capacitar gestores e professores e promover a conscientização de crianças e adolescentes.
— Nós, como sociedade, devemos nos unir para mudar a consciência da sociedade através do conhecimento. Todos temos que ter o direito de dizer não. O estado do Rio de Janeiro torna-se precursor de um movimento que envolve a base da nossa sociedade, que é a educação — ressaltou a educadora, que possui chancela da Organização das Nações Unidas (ONU) e menção honrosa da ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama.
Maura também dá nome à Lei Estadual 9.234/21, sancionada em 2021 pelo governador Cláudio Castro, que trata do combate e prevenção à pedofilia, cyberpedofilia, abuso e exploração sexual.
São diversos os sinais que podem indicar se um jovem foi ou está sendo abusado, como dificuldade de socialização e até baixo desempenho escolar. Acompanhar essa situação de perto é fundamental. E a educação é uma aliada para romper o ciclo dessa violência, promovendo uma cultura de prevenção e combate.
– Essa atividade é muito importante, principalmente para nós, futuros professores. A violência, infelizmente, está presente no cotidiano das pessoas. Temos que ter esse conhecimento e cuidado, para nossa formação ser ainda mais completa – comentou Hestefany Pessoa Maia, de 17 anos, normalista da 3ª série do Ensino Médio.
Encontros como esse contribuem para a prevenção e a redução desses crimes, além de trazer conscientização para a sociedade, visando à construção de uma cultura de paz.

