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Niterói. Foto/Divulgação: Alex Ramos

Levantamento inédito mostra como municípios fluminenses transformam identidade, cultura, natureza e inovação em força simbólica e competitividade territorial

Um novo estudo da Firjan redesenha o mapa das cidades mais influentes do estado e coloca Niterói no centro dessa transformação. O Mapa Rio Soft Power, que será lançado nesta quinta-feira (27), durante o Encontro Internacional da Indústria Criativa, promovido pela Casa Firjan, analisou o peso simbólico, reputacional e cultural de 20 municípios fluminenses e apontou Niterói como o território com maior capacidade de atrair talentos, investimentos e atenção positiva.
100 pontos, a cidade aparece como o caso mais avançado do Rio quando se trata de transformar políticas urbanas, ambiente criativo e qualidade de vida em projeção.
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Logo atrás, com 92 pontos, surge o Rio de Janeiro, cuja influência histórica, cultural e turística continua robusta, ainda que acompanhada por desafios estruturais bem conhecidos. Na sequência, a pesquisa evidencia a força da Região Serrana: Nova Friburgo, em terceiro, alcança 88 pontos apoiada na combinação entre patrimônio, ambiente criativo e uma economia resiliente; Petrópolis e Teresópolis, empatadas com 84 pontos, reforçam o papel da serra como área de alto valor simbólico, onde tradição, conhecimento e qualidade de vida dialogam com inovação.
O estudo mostra também que a influência fluminense se espraia para além da serra. Angra dos Reis surge com 80 pontos, impulsionada pela vocação ambiental, turística e energética; Campos dos Goytacazes, também com 80, destaca-se pela força econômica e acadêmica; enquanto Paraty, com 76 pontos, reafirma o poder de uma cidade que protege natureza e patrimônio com rigor e transforma essas marcas em narrativa globalmente reconhecida.
Fechando o grupo das dez primeiras colocadas aparecem dois municípios com trajetórias distintas, mas igualmente simbólicas: Vassouras, com 72 pontos, reforça o papel do patrimônio histórico na construção de reputação contemporânea; já Três Rios, também com 72, exemplifica como desenvolvimento industrial, logística e cultura local podem sustentar um Soft Power emergente.
Segundo a Firjan, o resultado não reflete apenas indicadores econômicos, mas a capacidade de cada lugar de contar sua própria história. O levantamento cruzou dados de urbanismo, cultura, inovação, densidade acadêmica, patrimônio, natureza, economia criativa e articulação institucional. Dessa combinação, emergem cidades que souberam transformar características locais — algumas ancestrais, outras recentes — em estratégia.
No caso de Niterói, a primeira posição se explica por fatores como planejamento de longo prazo, mobilidade integrada, requalificação ambiental, ecossistema universitário diversificado e presença marcante de equipamentos culturais. A cidade é apontada como território que conseguiu construir “uma narrativa de organização, sustentabilidade e modernidade”, percebida tanto por moradores quanto por agentes externos.
Já a capital fluminense, mesmo ocupando o segundo lugar, aparece como um território de contrastes: potência cultural e turística reconhecida internacionalmente, mas com gargalos estruturais que limitam seu potencial pleno de influência. Por outro lado, municípios serranos demonstram que patrimônio, identidade e qualidade urbana podem formar bases sólidas de projeção simbólica.
O estudo sugere que, diante da economia do século XXI, influenciar se tornou tão estratégico quanto produzir. Cidades que conseguem transformar estilo de vida, valores e cultura em imagem positiva ganham vantagem competitiva — atraem investimentos, estimulam turismo, fortalecem ecossistemas criativos e sedimentam reputação.
A Firjan reforça que “O objetivo da análise não é apenas classificar, mas fornecer subsídios para que municípios ampliem sua capacidade de mobilização. A recomendação central é que cada cidade reconheça seus recursos imateriais, sejam eles ambientes, históricos, culturais ou tecnológicos, e os incorpore às estratégias de desenvolvimento”, explica Julia Zardo, gerente de Ambientes de Inovação da Firjan e uma das responsáveis pelo estudo.
Com a liderança de Niterói e a diversidade de perfis entre as dez primeiras colocadas, o estudo revela que o Rio de Janeiro possui um patrimônio intangível vasto e heterogêneo. E indica que, quando bem articulado, esse patrimônio pode se tornar uma das principais forças de transformação do estado no presente e no futuro.

Fonte: Breno Motta

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