O último dia da 8ª edição da Festa Literária Internacional de Maricá (FLIM) manteve no domingo (1º/10) o clima que teve desde seu início, em 19 de setembro. Mesmo com o tempo chuvoso, o público lotou a tenda literária em busca dos livros ainda disponíveis até a hora do fechamento. A Arena Gilberto Gil também ficou cheia para a última roda de conversa, com o tema “Quebrando barreiras literárias entre Brasil e Angola”. A atração final foi no palco ‘Sete Sóis Sete Luas’, com o show da banda paulistana de reggae Maneva.
O primeiro ato de encerramento da FLIM foi o cortejo de encerramento com a escola de samba União de Maricá, que levou seu casal de mestre-sala e porta-bandeira, bateria e passistas. Em seguida, teve início a roda de conversa com as escritoras Sonia Rosa, Roseana Murray e o escritor angolano Ondjaki, com mediação do subsecretário de Educação de Maricá, Rodrigo Moura. As fala sdo trio foram sobre literatura infantil e preconceito na escola. Ondjaki afirmou que a FLIM cumpre um papel importante para os mais jovens.
“O que acontece aqui é o que chamo de ‘desfronteirizar’ o acesso aos livros, que são vistos por muita gente como um artigo de ‘luxo’ ou ‘supérfluo’, na medida em que há dificuldade de acesso e as outras necessidades das pessoas mais carentes. Só que mesmo em países como a França existem fronteiras raciais e econômicas como aqui. Esse acesso que vemos aqui é fundamental e necessário”, avaliou o angolano.
Para Sônia Rosa, é importante oferecer uma literatura que abra a mente das crianças. “Meu objetivo é proporcionar outras histórias, para que as crianças tenham outra mentalidade e, sobretudo, respeite as diferenças”, ressaltou ela, enquanto Roseana Murray criticou o excesso de conteúdo nas escolas. “É muito necessário que haja uma brecha no tempo para a criança sonhar, brincar mesmo. Na poesia para a criança, é preciso que haja uma porta aberta para a esperança”, ponderou.
Ao final das falas e antes que os autores iniciassem suas sessões de autógrafos para os leitores, o secretário de Educação de Maricá, Márcio Jardim, afirmou que o debate foi pertinente com a escolha do tema para esta edição da FLIM.
“Chegamos ao tema da interculturalidade depois de ouvirmos queixas sobre preconceito religiosos nas escolas, sobretudo contra as religiões de matriz africana. Não há problema nenhum se um aluno evangélico participa de uma aula onde se trabalha canções de Gil ou Caetano que fazem referência à africanidade. A ideia de interculturalidade deve ser defendida por nós”, reforçou.
Show com Maneva
Depois da roda de conversa, um grande público foi para o palco ‘Sete Sóis, Sete Luas’ para assistir ao show do Maneva. A banda formada por Tales de Polli (vocal), Felipe Sousa (guitarra), Fernando Gato (baixo), Fabinho Araújo (bateria) e Diego Andrade (percussão) levantou a plateia com repertório próprio e covers em versão reggae para canções como “Essa Tal Liberdade” (sucesso do Só Pra Contrariar), “Uma Brasileira” (dos Paralamas do Sucesso) e de “Garotos 2” (de Leoni).
“A gente vive num país onde tem tanto investimento falho e pouco apreço pela cultura, que é uma vertente importante para as pessoas. Então tocar encerrando um evento que leva literatura no nome é uma coisa importante, e um privilégio para nós”, declarou o vocalista Tales de Polli antes de subir ao palco.
Sobre a FLIM 2023
Em uma área de seis mil metros quadrados na Praça dos Gaviões, em Itaipuaçu, a 8ª edição da Flim teve uma estrutura com mais de 60 editoras e espaços especiais dedicados a diferentes públicos, do infanto-juvenil ao adulto. O Espaço Criança abriga a Vila Pé de Maricá, em alusão à árvore que dá nome ao município, contou com 76 estandes dedicados ao público infanto-juvenil. Já o espaço Porão Cultural foi reservado para apresentações de artistas locais de diferentes vertentes. A Tenda Literária abrigou 154 estandes de vendas de livros e na Tenda Festart havia um amplo espaço com puffs para descanso. A Tenda Codemar + Recarregue-se foi um local com redes, cadeiras de praia e tomadas para recarregar a energia e os aparelhos celulares.
Os números finais de movimento de público e venda de livros ainda estão sendo apurados pela Secretaria de Educação, responsável pela organização do evento. Para Márcio Jardim, o sucesso da FLIM 2023 é inquestionável e projeta a imagem de maricá para o país. “O evento projetou a cidade nacionalmente e consolidou sua imagem de cidade intercultural. Todo mundo que passou por aqui jamais vai esquecer, e em 2024 tem mais”, garantiu o secretário.
Fonte: Ascom/PMM