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Foto/Divulgação: MMSG

Evento reuniu cerca de 60 pessoas, no 4º Encontro Bimensal da Rede Mulher, na sede do Movimento de Mulheres, no Zé Garoto (SG)

 

O Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), com a organização do Projeto Rearticulando Rede Mulher, sediou, na quinta-feira (14/08), o 4° Encontro Bimensal da Rede Mulher, no auditório da instituição, no Zé Garoto (SG). 

Com o apoio do Ministério das Mulheres, o evento colocou em debate a temática o “Acesso à Justiça sob a Perspectiva de Gênero e Raça”, tendo como facilitadoras a professora Fabiana Silva (Ouvidora Geral do Estado do RJ) e Cristiane Lourenço (Doutora e Mestre em Políticas Sociais/UFF),

Os encontros Bimensais da Rede Mulher têm como objetivo rearticular a rede de enfrentamento à violência contra a mulher, envolvendo os movimentos e coletivos feministas com os serviços especializados de atendimento, em busca de estratégias que promovam a autoestima, autonomia das mulheres e uma cultura de paz.

Cerca de 60 pessoas, entre militantes, agentes da Justiça, integrantes da Segurança Pública, representantes de instituições civis, de governos e da Câmara Municipal (SG), participaram da reunião, que ocorreu nas modalidades expositiva e roda de conversa, tendo, ao final, abertura para perguntas da plateia.   

Nesta quarta edição, o encontro Bimensal da Rede Mulher foi mediado pela professora e educadora social Joyce Gravano (Mulheres da Parada) e a gestora do MMSG, Marisa Chaves, que provocaram a plateia e as debatedoras com questionamentos sobre as dificuldades enfrentadas pela mulheres, sobretudo das periferias, ao acesso ao sistema de Justiça em suas diversas instâncias e a carência de políticas públicas.

Após a apresentação geral dos participantes, as integrantes do ‘Rearticulando Rede Mulher’ expuseram as diretrizes e ações realizadas pelo projeto. Ao final, ocorreu sorteios de brindes e servido um coffee break aos participantes.  

‘Sou uma sobrevivente e há vida após a violência doméstica’ 

 A reunião contou com a participação especial da ativista e diretora no MMSG, Rosângela Sá. Moradora do Salgueiro (SG), Rosângela abriu a reunião contando sua história de resistência como sobrevivente de uma tentativa de feminicídio, em 2009, quando teve 65% do corpo queimado pelo ex-marido.         

“O MMSG foi minha rede de apoio para vencer os inúmeros desafios que tive no momento mais difícil da minha vida. Todos os acessos aos direitos, acolhimentos e tratamentos só foram possíveis com essa rede de apoio. Portanto, quero dizer que sou sim uma sobrevivente e há vida após a violência doméstica”, disse, emocionada, Rosângela.      

‘Apesar de toda nossa luta, a cor chega primeiro’

Para Cristiane Lourenço (Doutora e Mestre em Políticas Sociais/UFF), embora as lutas históricas por direitos tenham sido preponderantes para o desenvolvimento de políticas públicas, o acesso das mulheres negras e periféricas à Justiça ainda é obstruído pelo racismo estrutural, que, segundo a professora, precisa ser combatido diariamente.

“Jamais esqueceremos as lutas históricas das mulheres pretas por direitos e pelo acesso à Justiça. Contudo, ainda vivemos em um ‘estado’ racista. A rede de apoio, de forma análoga à rede de peixes, é pesada e precisa de muitas mãos para puxar. Nossa luta precisa de muitas mãos, muitas vozes, muitas lutas. Infelizmente, a cor chega primeiro, antes de nossos direitos serem respeitados. Se não fosse essa rede, a mulher sequer teria direito ao voto. Não deixem ninguém soltar a rede”, reiterou Lourenço, com aplausos da plateia.

‘Os primeiros direitos atacados são os das mulheres’

A professora Fabiana Silva (Ouvidora Geral do Estado do RJ) destacou a importância da informação e das estratégias de organização das mulheres para potencializar a luta pelos direitos e os acessos à Justiça.

“Historicamente, os primeiros diretos atacados são os das mulheres. Quando a mulher tem consciência de seus direitos, ela passa ser uma ameaça. Todas as vezes que a mulher se organiza, o corpo dela corre risco. Eu vivenciei isso quando fui ‘convidada’ a sair do meu território. Portanto, precisamos melhorar o acesso à informação, nossas estratégias de organização. Temos muito a avançar”, ressaltou Fabiana.

‘Transformação começa dentro dos territórios’

Já a professora e educadora social Joyce Gravano (Mulheres da Parada) ressaltou a importância das ações multiplicadoras que levam informação e conhecimento para dentro dos territórios como formas efetivas para as mulheres avançarem em pautas primordiais como os acessos aos direitos e à Justiça.

“Precisamos, sim, de mulheres multiplicadoras de informações e conhecimentos para aumentarmos o alcance e os acessos aos diretos e à Justiça. A transformação começa dentro dos territórios”, enfatizou Gravano.

‘São Gonçalo é pioneira na luta pelos diretos das mulheres’

A gestora do MMSG, Marisa Chaves, lembrou do pioneirismo de São Gonçalo pelas conquistas e direitos das mulheres. Para Chaves, a rearticulação da rede mulher é uma oportunidade de recuperar o tempo perdido e avançar nas pautas relativas às políticas públicas e os acessos à Justiça.

“Temos que ter orgulho das nossas lutas em São Gonçalo. Somos pioneiras na criação de centros de atendimentos, delegacias, abrigos, secretarias e inúmeras políticas públicas para as mulheres. Em 1997, por exemplo, foi um ano marcante: criamos o CEOM (Zuzu Angel) e sediamos a Primeira Conferência Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres. Portanto, essa rearticulação da rede mulher é um passo importante para avançarmos”, ressalta Marisa.      

Atividades desenvolvidas em escolas públicas e coletivos feministas

Organizado pelo MMSG, o Projeto Rearticulando Rede Mulher, sob a coordenação técnica da psicóloga Letícia Rodrigues e da assistente social Diná Serra, realiza visitas técnicas e rodas de conversas em escolas públicas (municipais, estaduais e federais), movimentos e coletivos feministas, bem como, aos serviços especializados de atendimento à mulher.

Você pode encontrar informações adicionais sobre o projeto no perfil do Movimento de Mulheres em São Gonçalo no Instagram @movimentodemulheres_sg.

Desde 1989, em defesa dos Direitos Humanos 

O MMSG é entidade da sociedade civil, que atua sem fins lucrativos, fundada há 36 anos (1989), cuja missão é enfrentar todas as formas de preconceitos e discriminações de gênero, raça/etnia, orientação sexual, credo, classe social e aspectos geracionais. A instituição trabalha em defesa dos direitos de crianças, adolescentes, jovens, mulheres e idosas, em especial, àquelas que são vítimas de diversas formas de violências, seja no âmbito doméstico ou extrafamiliar, ou que estejam vivendo com HIV/AIDS.

 

Não se cale. Violência contra a mulher não tem desculpa, tem lei. Ligue 180 e denuncie!

 

Em caso de ajuda, o MMSG disponibiliza seus serviços, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17hs, no endereço abaixo:    

 

MMSG (SG) – Rua Rodrigues Fonseca, 201, Zé Garoto. (2606-5003/21 98464-2179)

 

Fonte: MMSG

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