Tabagismo pode aumentar em até três vezes o risco de o fumante desenvolver formas graves da Covid-19
No Dia Mundial sem Tabaco, nesta segunda-feira (31), a Secretaria de Estado de Saúde (SES) lança o podcast “Tabagismo na Pandemia” para auxiliar e incentivar as pessoas que desejam largar o cigarro, ou ajudar alguém a parar de fumar. A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar toda a população sobre as doenças relacionadas ao fumo.
No Brasil, a campanha deste ano, coordenada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), lançou o desafio: “Comprometa-se a parar de fumar durante a pandemia de Covid-19″. O cigarro possui mais de 7 mil substâncias tóxicas. Fumar é uma porta aberta para o coronavírus, que aumenta de duas a três vezes o risco de se desenvolver formas graves da Covid-19. Pesquisas mostram que a nicotina aumenta a expressão de uma enzima que serve de receptor para o vírus entrar na célula, a chamada enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2). Isso faz com que a carga viral seja maior.
O tabagismo também aumenta o risco de infecções causadas por bactérias, vírus e fungo respiratórios, porque reduz a capacidade de resposta do sistema imunológico. Somado a esses fatores, os fumantes ainda apresentam baixa oxigenação dos tecidos, alterações dos vasos sanguíneos e um estado de hipercoagulação que os predispõem à trombose, uma das possíveis complicações da Covid.
Para tratar sobre o tema, o podcast da SES conversou com o pneumologista do Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras (IETAP), Ricardo Meirelles, com mais de 20 anos de experiência no combate ao tabagismo, e o responsável pelo Programa Estadual Contra o Tabagismo, a Samir Feruti Sleiman.
– A OMS está tentando sensibilizar as pessoas para que consigam parar de fumar nessa pandemia. O tabaco causa aumento da carga viral do coronavírus, contribuindo para formas graves da doença. Quanto mais cedo a pessoa conseguir parar de fumar, menos risco de agravamento da Covid-19 ela vai ter – explica Ricardo Meirelles, que é presidente em exercício da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira.
Segundo o médico, o mundo tem mais de 1,3 bilhão de fumantes. Desses, cerca de 60% querem parar de fumar. No estado do Rio, 72 municípios dispõem do Programa Contra o Tabagismo da Secretaria de Estado de Saúde (SES) pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos dois anos, o programa contribuiu para que 15.289 pessoas deixassem de fumar.
– O programa é realizado nas unidades básicas de saúde da rede SUS por profissionais de saúde capacitados para o tratamento. O fumante passa por uma avaliação clínica para identificar o grau de dependência à nicotina e a melhor abordagem para ajudá-lo a parar de fumar – ressalta Samir.
A ansiedade fez com que as pessoas aumentassem o consumo de tabaco durante a pandemia. De acordo com Ricardo Meirelles, dois fatores contribuíram para isso: a questão química da nicotina, que é uma droga e proporciona uma falsa sensação de bem-estar, e a necessidade de diminuir a ansiedade.
– Isso faz com que a pessoa fume mais durante um momento de ansiedade, estresse e preocupações. Por isso, a pessoa precisa entender que o cigarro não vai resolver os seus problemas e buscar outras formas de lidar com as angústias deste momento. O tabagismo é uma doença e tem tratamento – reforça ele.
Passo a passo para parar de fumar:
– Entender por que está fumando;
– Buscar ajuda de um profissional qualificado e um tratamento;
– Aumentar a ingestão de líquidos;
– Consumir legumes, verduras e frutas;
– Evitar doces e comidas gordurosas;
– Praticar atividade física.
Conheça a Campanha Comprometa-se a parar de fumar durante a pandemia deCovid-19.
Não deixe de acompanhar o nosso podcast com dicas e informações paraparar de fumar ou ajudar alguém a largar o cigarro.