Data criada pela ONU busca aumentar a visibilidade e promover a inclusão de cerca de 2 milhões de autistas no Brasil
Um dia de muita reflexão. Celebrado nesta terça-feira, 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo tem como objetivo disseminar informações à sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) para reduzir a discriminação e preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno, colaborando para que elas sejam cada vez mais aceitas, compreendidas e incluídas socialmente.
– Somos uma sociedade repleta de diversidade, em todos os sentidos, e devemos sempre falar de inclusão em todas as esferas – afirmou a secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto, lembrando que hoje a rede estadual de ensino possui quase três mil alunos com TEA.
O Transtorno do Espectro Autista aparece na infância e tende a persistir na adolescência e na idade adulta. Na maioria dos casos, manifesta-se nos primeiros cinco anos de vida. Estima-se que o Brasil possua cerca de 2 milhões de autistas. O nível intelectual varia muito de um caso para outro, alternando da deterioração profunda a casos com altas habilidades cognitivas.
– A LBI (Lei Brasileira de Inclusão) assegura e promove condições de igualdade no exercício dos direitos e das liberdades fundamentais. O contexto inclusivo consiste nas ações em que qualquer um se sinta pertencente a um grupo – comentou Daniel Bove, superintendente de Projetos para Educação Especial da Seeduc.
A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, e foi escolhida com o objetivo de levar informação à população para reduzir o preconceito contra os indivíduos que apresentam o transtorno. Respeitar o próximo e aceitar as suas diferenças serão sempre as bases de uma sociedade mais justa e inclusiva. Portanto, além de valores da família, o ambiente escolar exerce papel fundamental.
Embora algumas pessoas com esses transtornos possam viver de forma independente, existem outras com deficiências severas que precisam de atenção e apoio constante ao longo de suas vidas.
O jovem Vladimir D. Souza, aluno egresso do Colégio Estadual Círculo Operário, de Duque de Caxias, na Baixada, lançou, no ano passado, ainda como aluno da escola, o livro ‘Durante a Tempestade’, que é a primeira parte da saga ‘Sucessores do Fim’. Com autismo, o autor superou todos os obstáculos e criou uma obra repleta de reflexões e aprendizado.
– Essa saga é fruto de uma dedicação enorme, não só minha, mas de diversas pessoas que me ajudaram muito porque, apesar de eu ter autismo, consegui me concentrar e ter esse benefício, pois, enquanto escrevia, eu refletia e estudava – contou Vladimir.
Alexandre Mello, profissional do setor de TI (Tecnologia da Informação) da Seeduc-RJ, tem dois filhos com TEA e, por isso, convive com esta realidade bem de perto.
– Tenho dois filhos diagnosticados com autismo: o Guilherme, de 9 anos, e o Heitor, que vai fazer 4 anos agora em abril. Estar com eles é maravilhoso, pois é um carinho especial e um aprendizado constante. O resultado das terapias e toda a evolução são sensacionais. Eles são crianças normais, iguais a qualquer outra, que apenas adaptamos na maneira de falar com eles. Nós temos uma interação muito forte, e o amor que construímos na nossa casa nos fortalece cada vez mais – relatou o servidor, que está na Seeduc desde 2018.