Segundo neuropedagoga Mara Duarte, crianças neurodivergentes ou neurotípicas possuem necessidades, déficits e desafios diferentes e é preciso saber identificá-los
O neurodesenvolvimento de cada ser humano é uma jornada que varia muito de pessoa para pessoa, já que crianças, sejam neurodivergentes ou neurotípicas, possuem necessidades diferentes, déficits diferentes e desafios diferentes.
Segundo Mara Duarte, neuropedagoga, psicopedagoga, psicomotricista, além de diretora do Grupo Rhema Neuroeducação, que atua com o objetivo de oferecer conhecimento para profissionais da educação e pessoas envolvidas no processo do neurodesenvolvimento e da neuroeducação infantil, tanto nas áreas cognitivas e comportamentais, quanto nas áreas afetivas, sociais e familiares, há diversas questões que podem ser observadas com relação a essas diferenças. “Entre elas, a função sensorial, ou seja, como a criança percebe os estímulos; a função motora, relacionada à coordenação e controle dos movimentos; e a capacidade de aprendizado”, explica.
Outras avaliações, de acordo com Mara Duarte, podem vir da capacidade de armazenar e recuperar informações que a criança tem, do gerenciamento da emoção e da ansiedade; do planejamento e tomada de decisões; e da habilidade social. “São todos aspectos fundamentais para o desenvolvimento e podem ser desafiadores para todas as crianças. Conhecê-los é o primeiro passo para adaptar nossas práticas pedagógicas e criar um ambiente inclusivo que apoie o sucesso de todos os alunos”, afirma.
Confira alguns transtornos do desenvolvimento e sinais que podem ajudar a identificá-los:
Deficiências intelectuais: São condições que envolvem limitações significativas na função intelectual e no funcionamento adaptativo. Entre os sinais estão o atraso no desenvolvimento cognitivo e dificuldades na aprendizagem. “Uma avaliação clínica abrangente, incluindo testes de QI e avaliação do funcionamento adaptativo pode ajudar a traçar um diagnóstico”, explica Mara Duarte.
Transtornos da comunicação: São transtornos como gagueira e afasia, que podem ser identificados através de avaliação com fonoaudiólogo e terapeutas da fala. “Nesses casos, podemos usar terapia da fala e terapia de linguagem como estratégias de intervenção”, diz a neuropedagoga.
Transtorno do espectro autista (TEA): É um transtorno que afeta a comunicação social, a interação social e o comportamento. “Uma avaliação clínica com base em critérios do DSM pode identificar dificuldades na comunicação e déficit na interação social, entre outros pontos”, diz a diretora do Grupo Rhema Neuroeducação.
Transtorno do Déficit de atenção com hiperatividade (TDAH): Transtorno caracterizado por déficit de atenção, inquietação, hiperatividade e impulsividade. “Nestes casos é possível usar terapia comportamental, psicoeducação, estratégias de organização e até medicação em alguns casos”, esclarece Mara Duarte.
Transtornos específicos de aprendizagem: Podem ser identificados através de dificuldades persistentes em áreas acadêmicas específicas, abaixo do esperado para a idade e nível de inteligência. Segundo a especialista, uma avaliação psicológica e educacional é necessária, além de testes de habilidades.
Transtornos motores: São dificuldades na coordenação motora que afetam habilidades diárias e motoras. “A avaliação é feita por terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas e podem ser utilizadas atividades específicas com as crianças, além de, em muitos casos, ser necessário apoio escolar adaptado”, finaliza Mara Duarte.
Fonte: Carolina Lara