Fogos fim de ano DivulgaçãoFreepick

Fogos fim de ano. Divulgação/Freepick

O final do ano é um período repleto de festividades, mas também de desafios para famílias de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O som intenso dos fogos de artifício e as luzes podem ser encantadores para muitos, mas para quem tem hipersensibilidade sensorial, eles podem se transformar em momentos de grande desconforto e pavor.
“Durante o Réveillon, barulhos altos e estímulos visuais podem desencadear crises de irritabilidade, medo e desregulação emocional em pessoas com TEA. Isso ocorre devido à hipersensibilidade sensorial, uma característica marcante desse transtorno”, explica Bárbara Calmeto, neuropsicóloga e diretora do Autonomia Instituto.
Para lidar com esses desafios no momento das festas, algumas ações simples podem fazer toda a diferença. Dar à criança com TEA a noção de previsibilidade é um primeiro passo importante. Explique o que são os fogos, por que as pessoas celebram dessa maneira e que, apesar do barulho, eles são seguros. Permita que ela entenda o cronograma da noite, como a reunião de pessoas, a contagem regressiva e os abraços após a virada. Isso ajuda a reduzir a ansiedade e o desconforto diante do inesperado.
Outra dica é criar estratégias para minimizar os estímulos sensoriais durante os momentos mais intensos. Fones de ouvido concha podem ajudar a reduzir o impacto sonoro, mas precisam ser introduzidos antes do evento, já que algumas crianças não aceitam colocá-los de imediato. Oferecer algo que a criança goste muito, como um brinquedo, uma música ou um vídeo preferido, pode ser uma alternativa eficaz para distrair e tranquilizar durante a queima de fogos.
Se a criança não se sentir confortável para participar da celebração, respeite sua vontade. Evite aglomerações e, se possível, escolha um local mais afastado do barulho. Se não houver essa opção, busque criar um espaço seguro dentro de casa, onde ela possa se sentir mais à vontade.
Após as festas, observe como a criança reagiu e valide seus sentimentos. “É fundamental acolher a criança e buscar estratégias para ajudá-la a processar o que aconteceu. Valide suas emoções e seja empático, explicando às pessoas ao redor como colaborar e respeitar suas necessidades”, ressalta Bárbara.
Como sugestão para as próximas festas ou eventos que envolvam barulho, a desensibilização sistematizada pode ser uma ferramenta valiosa. Esse processo, realizado com psicólogos e terapeutas ocupacionais, ajuda a aproximar a criança gradualmente dos estímulos externos, como barulhos e luzes, de forma segura e controlada. “Usar vídeos com sons baixos que vão aumentando gradativamente, desenhar fogos de artifício com ela ou brincar com estalinhos são formas de associar estímulos sensoriais a experiências positivas e lúdicas”, complementa Bárbara.
Fonte: Priscila Correia 

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