Evento gonçalense de Hip-Hop já e sucesso nacional
Ontem quem passou em frente à Praça do Ex-Combatentes, no Patronato, em São Gonçalo, no mínimo ficou muito curioso ao ver um grande público, em volta de uma grande tenda, ao lado do tanque de guerra que decora o local. Trata-se da competição de Roda de Rimas, de hip-hop, que foi batizada de Batalha do Tanque. O evento, que já é sucesso nacional possui milhões de seguidores nas redes sociais, já completou 12 anos, e está na sua 556° edição.
O produtor cultural Felipe Gaspary (Tank), coordenador do evento, informou que a Batalha do Tanque é uma das maiores do Brasil. Foi criada com a ideia de promover a cultura de rua para a população gonçalense, a Batalha do Tanque reúne jovens artistas em um duelo de MCs. Tem participação de MCs de vários estados e também locais. Com uma premiação em dinheiro dada ao vencedor, a competição é realizada com rounds de 2 participantes que batalham entre si através de rimas, 1 se classifica e outro fica fora, quem decide os finalistas é o público, que se expressa com palmas e aclamações. A batalha geralmente tem a participação de 16 competidores, mas somente 2 irão para a grande final que decide o campeão da noite.
“Nossa competição é para podermos divulgar a cultura do hip hop e descobrirmos novos talentos. Daqui já saíram rappers que hoje são sucesso nacional. Nomes como Orochi, PK, Azzy, Knust, Xamã, Choice entre outros, nos deram a honra de ter passado por aqui. E temos a certeza que muitos outros novos talentos ainda sairão daqui de São Gonçalo, da nossa Batalha do Tanque”, explicou Felipe Gaspary.
A Batalha do Tanque acontece todas as quartas-feiras do mês, a partir das 19h, na Praça do Ex-Combatentes, no Patronato, São Gonçalo. E na competição de ontem o vencedor foi o MR. PAC.
SOBRE O HIP-HOP
Foi no fim dos anos 70, em Nova York, que nasceu o hip-hop, um dos principais movimentos de arte urbana da história e que envolve dança (breaking), arte gráfica (grafite), performance (DJ) e música (rap). Se hoje o hip-hop é forte e respeitado no mundo inteiro, em boa parte isso se deve ao pioneirismo de rappers que enfrentaram preconceitos para que a rima pudesse fluir livremente. A viagem de sucesso do hip-hop pelo mundo desembarcou no Brasil no início da década de 80, na cidade de São Paulo, quando os jovens começaram a receber informações sobre o movimento que estava acontecendo em Nova York. Grupos de periferia passaram então a se reunir na Galeria 24 de Maio e na estação São Bento do metrô para escutar as músicas vindas do Bronx, acompanhados de novos passos de dança. Os primeiros frequentadores do local foram os dançarinos de breaking, e alguns dos maiores precursores do estilo foram nomes que até hoje causam impacto na cena, como Nelson Triunfo e Thaide. Naquela época, o rap ainda era considerado um estilo musical violento e tipicamente periférico. Rappin’ Hood também estava lá vivendo todo esse momento controverso de ascensão da cultura. “A gente corria da polícia só porque fazia rap. Eles chegavam na estação e quebravam nossos discos”, lembra o rapper.