A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) premiou, nesta segunda-feira (17/06), os oito ganhadores do Prêmio Nise da Silveira, em cerimônia realizada no plenário da Casa. À frente da solenidade – que teve como finalidade incentivar e reconhecer a atuação de instituições e personalidades que contribuíram na política do cuidado e que têm como base o respeito integral às pessoas que estão em sofrimento psíquico -, o deputado Flávio Serafini (Psol) entregou os certificados para os vencedores.
A honraria homenageia a saudosa médica psiquiatra Nise da Silveira, que deixou um legado no que se refere ao tratamento humanizado de pacientes. A premiação teve 37 candidatos e, destes, oito foram escolhidos pelos jurados.
Os ganhadores foram os seguintes:
Categoria 1 – Atuação em Movimentos Sociais
Coletivo Ivone Lara: Carlos Henrique Martins
Redes Maré: Elivanda Canuto
Categoria 2 – Atuação em Gestão
Selma Alcântara
Erica Regina Victório
Categoria 3 – Atuação Profissional
Raisa Sairon
Rodrigo Macedo
Categoria 4 – Atuação em Ciência, Pesquisa e Produção de Inovação Tecnológica
Eduardo Vasconcelos
Marta Simões Peres.
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e Luta Antimanicomial, Serafini pontuou a importância do encontro e disse que pretende criar uma nova categoria. “Estamos tentando construir um novo modelo de saúde mental que respeite os direitos das pessoas com transtornos psíquicos. Então, com esse prêmio, a gente pretende reconhecer as iniciativas, os pesquisadores e os gestores que estão, de fato, conseguindo construir um modelo de saúde mental humanizado e transformador. Eu pretendo reformular essa premiação e criar a categoria de produção artística, para que blocos e manifestações artísticas possam se inscrever”, disse o parlamentar.
A Casa aprovou a Lei 4365/2018, que trata da participação do Estado do Rio de Janeiro na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Para Serafini, autor da lei, é de suma importância que a Alerj proponha leis sobre essa temática. “Essa lei aprovada na Casa tornou o Rio de Janeiro o estado com maior participação no financiamento da Rede de Atenção Psicossocial. Infelizmente, enfrentamos alguns desafios, pois no ano passado o Governo do Estado reduziu pela metade o repasse feito aos municípios. Fizemos muitas cobranças à Secretaria de Saúde e ela se comprometeu a restabelecer os valores ainda esse ano”, afirmou o parlamentar.
Para a deputada Martha Rocha (PDT), membro da Comissão de Saúde da Alerj, a psiquiatra Nise da Silveira desempenhou um papel fundamental no tratamento das pessoas com problemas psiquiátricos. “Ela buscou novas formas de acolher e de ajudar os seus pacientes. Ao contrário do que se defendia na época, ela ousou em utilizar a arte e o contato com animais como tratamento na área da saúde mental. É importante dizer não ao confinamento e ao sanatório. Devemos deixar para trás esse tipo de iniciativa e trabalhar com cuidado humanizado, com atenção psicossocial na rede de atendimento”, afirmou a deputada.
Ganhadora na categoria Atuação em Movimentos Sociais, a representante da Redes da Maré, Elivanda Canuto, contou como se sentiu sendo uma das ganhadoras e ainda ressaltou que o Espaço Normal atende 120 pessoas diariamente.
“A gente tem um trabalho que atua pensando na possibilidade de uma vida mais digna para as pessoas que sofrem com problemas psicológicos e vivem dentro da favela. Atuamos dentro do Espaço de Referência sobre Drogas na Maré, que atende à população que está em situação de rua e muitas dessas pessoas apresentam questões mentais. Promovemos uma ponte para que os profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) consigam chegar até o espaço, já que não existe essa instituição dentro das comunidades. Ficamos muito felizes em receber esse prêmio e constatar que o nosso trabalho está sendo reconhecido. A Nise da Silveira é uma referência no cuidado e seguimos nos inspirando nela”, afirmou Elivanda.
Fonte: Alerj