Indo muito além da beleza na arquitetura, o design biofílico estimula a criatividade, favorece a motivação e reduz o estresse. Por isso, as escolhas feitas num projeto de arquitetura e paisagismo precisam ser bem pensadas, afinal são fundamentais para a saúde.
O termo Biofilia significa “amor à vida”. “Muito mais do que tendência, é uma necessidade de reconexão com a natureza”, ressalta João Manuel Feijó, engenheiro agrônomo da Ecotelhado e especialista em sistemas biofílicos.
Você sabia que olhar para uma vista da natureza por 40 segundos restaura o seu poder de atenção e remedia os sintomas de cansaço, por exemplo? “A teoria da restauração da atenção comprovou que porções do córtex pré-frontal se acalmam enquanto experimentamos a natureza. Após essa pausa mental, temos uma melhor capacidade cognitiva. Nosso poder de concentração e foco aumenta e, consequentemente, o nosso desempenho é melhor”, acrescenta a arquiteta Bia Rafaelli Casaccia, pioneira em Design Biofílico no Brasil.
Jardim vertical Ecotelhado no projeto de Fernando Thunm. Foto/Divulgação
Ela explica que o design biofílico pode ser aplicado em diversas escalas, em uma residência já construída, uma edificação a ser construída, um ambiente da paisagem ou urbano. O que muda é como serão aplicadas as estratégias. “É buscar uma experiência completa com foco na saúde e no bem-estar, valorizando a luz natural, o ar, a água, as plantas, os animais e é fazer boas escolhas dos materiais que serão usados”, ressalta.
Os especialistas listam 6 passos para aplicar o design biofílico de uma forma prática e acessível. Confira!
1-Promova o envolvimento das pessoas com a experiência da natureza no local
Segundo o engenheiro João Manuel Feijó, uma ideia é propor o cuidado com as plantas e engajá-las no processo de plantio e rega. Hortas e jardins verticais ocupam pouco espaço e estimulam o cultivo e a conexão com a natureza.
2- Utilize soluções de projeto de saúde e bem-estar
A arquiteta Bia Rafaelli diz que são mais 24 estratégias do design biofílico que podemos aplicar de diferentes formas. É possível começar trazendo a luz natural para sincronizar o ritmo circadiano e garantir a entrada de ar puro através de janelas manejáveis para aumentar a concentração, a criatividade e o bem-estar.
3- Estimule o senso de pertencimento das pessoas ao local
Isto significa criar uma ligação emocional das pessoas ao ambiente, pensando em para “quem é” e “onde é” o espaço. A sugestão é escolher elementos da cultura local, de memória afetiva do usuário, materiais naturais locais, plantas nativas, entre outras opções.
4- Proporcione a conexão das pessoas com outros seres vivos
“Pensar em design biofílico é entender que todos os seres importam e estão conectados de alguma forma”, acrescenta Feijó, da Ecotelhado. Por isso, a arquitetura pode estimular o senso de união. Espaços de convivência, que promovem a interação social, exemplificam isso. A arquiteta propõe incluir o paisagismo e outros elementos biofílicos em salas de descompressão e reuniões nas empresas.
5-Aplique soluções ecológicas integradas
O objetivo aqui é utilizar as soluções da natureza na integração do ambiente construído, preservando a mesma: aproveite a luz natural do local, a ventilação, resgate plantas nativas, use a permeabilidade do solo captando água da chuva.
6-Garanta o desenvolvimento dos cinco sentidos através do ambiente
A arquiteta Bia diz que o ambiente deve, ainda, estimular a visão, a audição, o olfato, o tato e o paladar de maneira natural preferencialmente. Uma vista para a natureza estimulará a visão e a horta o paladar. A chegada de pássaros cantando no jardim ou em um telhado verde aguçará a audição.