
Papa Francisco - Foto/Divulgação

Francisco ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos e foi o mais velho a assumir a liderança da instituição em mais de sete séculos.
Desde o início de fevereiro, o pontífice enfrentava episódios frequentes de bronquite, agravados por sua condição pulmonar pré-existente — nos anos 1950, ainda jovem, teve parte de um dos pulmões removida após uma grave infecção respiratória.
De acordo com o médico cardiologista e clínico Dr. Vinicius Carlesso, essa condição de base contribuiu para as complicações mais recentes.
“Com o avanço da idade e um histórico pulmonar comprometido, infecções respiratórias simples podem evoluir rapidamente para quadros mais graves, como a pneumonia bilateral que o papa enfrentou”, explica.

Histórico de internações e cirurgias
Mais tarde, em 2023, foi novamente internado com um quadro de bronquite e passou por uma cirurgia abdominal. Ele também enfrentou osteoartrite, que limitava sua mobilidade e o levou a utilizar cadeira de rodas e bengala com frequência.
Além disso, entre 2023 e 2024, o papa apresentou episódios de diverticulite, quedas com hematomas e lesões no braço, e uma sequência de internações por infecções respiratórias recorrentes, demonstrando um quadro clínico que se agravava com o tempo.
O impacto da saúde no exercício do pontificado
Mesmo diante das dificuldades físicas, Francisco manteve sua decisão de não renunciar ao pontificado. A decisão contrasta com a de seu antecessor, Bento XVI, que deixou o cargo em 2013 por motivos de saúde.
Ainda neste domingo de Páscoa, um dia antes de sua morte, o papa apareceu publicamente na Praça de São Pedro, onde abençoou os fiéis, embora sob observação médica.
“É comum que quadros infecciosos respiratórios se tornem críticos em pacientes idosos e com histórico pulmonar, sobretudo quando há uma imunidade já debilitada”, destaca Dr. Vinicius Carlesso.
“No caso do papa Francisco, a progressão para uma infecção polimicrobiana é um indicativo de uma resposta orgânica já comprometida, algo que se observa com frequência em quadros de infecção hospitalar ou imunossenescência.”
Uma trajetória marcada pela resiliência
Francisco foi o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo. Durante seu pontificado, buscou uma Igreja mais próxima dos pobres e atuou como voz ativa em temas sociais e ambientais. Sua morte encerra um ciclo iniciado em 2013, quando foi eleito após a renúncia de Bento XVI.
Segundo o Dr. Vinicius Carlesso, o caso de Francisco também serve de alerta para a importância do acompanhamento médico contínuo e da atenção a sinais respiratórios persistentes em pacientes idosos.
“O tratamento precoce e o suporte clínico adequado são determinantes para a sobrevida e qualidade de vida. No entanto, há limites fisiológicos que, inevitavelmente, devem ser considerados com respeito e consciência.”
Nos próximos dias, o Vaticano deve anunciar os protocolos para o funeral e os trâmites para a escolha do próximo papa.