Evento foi marcado pela defesa da cultura como formadora da identidade nacional e da luta democrática
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) homenageou, nesta terça-feira (29/10), à noite, 100 instituições e pessoas ligadas à cultura fluminense com o Diploma HeloneidaStudart, por meio da Comissão de Cultura, que visa a destacar manifestações culturais e expressões artísticas de todo Estado. A entrega aconteceu durante cerimônia que lotou o plenário do Palácio Tiradentes, sede histórica da Alerj.
“Heloneida foi uma jornalista, uma feminista, defensora dos direitos humanos, legisladora, ex-deputada estadual que aprovou dezenas de leis nesse parlamento para defender a cultura, os direitos humanos, as mulheres e os trabalhadores. Empunhar um prêmio da envergadura e do tamanho da Heloneida é algo que nos enche de orgulho e honra a cada fazedor e fazedora de cultura”, contextualizou Verônica Lima, presidente da Comissão de Cultura da Alerj.
A deputada ainda destacou a importância da cultura para a geração de emprego e renda. “Muito obrigada a vocês por continuarem resistindo e fazendo cultura para o povo do estado do Rio de Janeiro, defendendo seu ganha pão, garantindo direitos e contribuindo para a emancipação do nosso País”, disse aos agraciados.
Já a deputada Dani Balbi (PCdoB), que também integra a comissão, destacou a importância da articulação dos fazedores e fazedoras de cultura para a consolidação de políticas para o setor, em especial o chamado CPF da Cultura, que prevê a existência de um conselho formado por gestores, mas também fazedores da cultura.
“As lutas históricas que vêm culminando no reconhecimento da cultura como uma trincheira importantíssima no campo da política se devem especialmente à nossa capacidade de resistência e articulação”, disse Balbi, que também é roteirista e escritora. “A cultura é um dos campos mais especiais da atividade humana. Na cultura, não cabe conservadorismo, é avessa ao obscurantismo, é um lugar onde produzimos empatia, onde o dissenso e a contradição são valores primordiais porque a produção de arte depende disso”, completou.
Outro membro da comissão, o deputado Carlos Minc (PSB), que foi companheiro de plenário de Heloneida Stuart, destacou a história dela com a cultura (já que, além de ativista, era escritora) e também reforçou a importância da arte para a formação nacional. “Queria dizer o quanto é importante ocuparmos esse espaço reconhecendo e reverenciando quem faz cultura no dia a dia. Uma sociedade não é formada pelo número de carros, celulares e edifícios. O que a define é a literatura, o teatro, a dança, o carnaval, todas as expressões culturais. Vocês formam a identidade nacional”, disse Minc.
O presidente do Conselho Estadual de Política Cultura, Tales Gomes, destacou a importância de reconhecer a base, os “carregadores de piano”, do movimento cultural no Rio de Janeiro:
“Esse prêmio chancela os fazedores de cultura, que são os “carregadores de piano”, que estão aí pelo estado do Rio todo, trabalhando em prol da cultura. A gente sabe que a cultura viveu um momento de um apagão muito difícil, então os agraciados de hoje são pessoas que realmente contribuem para a construção coletiva desse movimento cultural”, declarou.
“A cultura é o que segura nossa bandeira, é o que carrega a nossa raiz. É com muita emoção que olho no olho de cada um de vocês que se vê a história e a ancestralidade que se carregam a cada dia. Que esse diploma traga mais luz e mais vitória para todos vocês”, complementou o representante da Secretaria Municipal de Cultura do Rio, Renato Aragão.
Homenageados
Representando os agraciados com o Diploma Heloneida Studart, o ator, diretor e roteirista Luiz Antônio Pilar também esteve na mesa do evento. “Nós somos 100 e eu não teria 100 vozes para representá-los, mas eu tenho 100 mil vezes que agradecê-los pelo trabalho de vocês, fazedores e gestores de cultura, que insistem na resiliência em mudar tudo aquilo que não é favorável. Não desistimos nunca!”, declarou.
O diploma também foi entregue à delegação do Rio de Janeiro da Secretaria de Estado de Cultura pelo trabalho realizado na Conferência Nacional de Cultura, em Brasília.
“A gente está aqui na condição de Secretaria, mas também de um trabalho que está sendo reconhecido. Eu cresci numa casa em que gratidão é, de fato, o “obrigado” do coração. É muito lindo quando a gente vê uma casa cheia para celebrar esse reconhecimento, quando a gente percebe que existe um parlamento inclinado a esse reconhecimento. Que a gente possa reverberar esse instrumento utilizado por essa Casa Legislativa possa alcançar também as câmaras municipais”, disse a secretária Danielle Barros.
Outro homenageado foi o grupo cultural Awurê, que atua em Madureira, na Zona Norte da capital, nos eixos da música, moda, culinária e cinema. “A gente tem sete anos de existência preservando muito a cultura do tambor, a cultura de religião de matrizes africanas, e é um prazer estar aqui recebendo esse prêmio”, agradeceu Pedro Oliveira, representante do grupo.
Manifestações culturais de diversos municípios fluminenses receberam o diploma, entre eles Barra Mansa, Belford Roxo, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias, Itaboraí, Itaguaí, Magé, Mangaratiba, Mesquita, Niterói, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Rio das Ostras, Rio de Janeiro, São Gonçalo, São João de Meriti, São Pedro da Aldeia, Valença e Volta Redonda.